Se um dia o outro tiver a coragem de declarar num relacionamento que o amor acabou, páre de insistir. Não existe nada mais triste do que amar sozinho. Falo isso porque o fim de um romance não acontece assim, de imediato, há toda uma sequêmcia de sinais. Podem dizer que nós mulheres somos todas umas neuróticas, mas também somos bastante sensíveis ao que nos acontece. A gente sempre sabe quando algo não está bem, mas talvez por autodefesa, pra não doer mesmo, deixa pra lá.
De primeiro há um desinteresse súbito. Vocês não passam mais nenhum tempo sozinhos, não dão quase mais nenhum beijo na boca, o sexo fica esporádico e previsível. Quase não combinam de se encontrar e levam vidas cada dia mais independentes, ele com a turma do trabalho, você com as amigas de escola. Ele não te liga, não reclama da saia curta e da maquiagem que sempre reclamou, não elogia o vestido que antes chamava atenção. Na hora de dormir, não deseja boa noite, não se acomoda mais juntinho na cama mesmo num calor de 40 graus. Aliás, essa pra mim é uma das maiores evidências do amor verdadeiro: se aninhar em pleno verão.
Aí vem a segunda fase. Ele esconde o celular, muda a senha do e-mail, nunca abre o MSN. Mesmo que nada tenha sido concretizado ele tem lá, uma lista mental (e física) de possíveis pretendentes e como tudo não anda lá essas coisas, ele evita gerar discussões. Porque se a Camila, a Priscila, a Kátia ou a Jennifer mandarem um SMS ele vai ter que se explicar. E daí, talvez admitir, que anda achando a vida fora do relacionamento muito mais interessante, que eles já não conversam mais nada de útil, que ela já não faz mais ele rir. Nesse ponto as coisas já terminaram faz muito, muito tempo. Há quem perceba e tente voltar atrás. Mas, geralmente, elas dão um chilique. Um chilique dos bravos. Reclamam, cobram, exigem uma nova postura. Eles, ignoram. Não existe mais nova postura sem existir amor. Mas é difícil admitir para com quem viveu e planejou tanta coisa que nada mais vai dar certo, que não tem mais como continuar. Daí, quando falta coragem, a situação é levada com a barriga. Pode ser que haja traições, derramemento de sangue, crime passional e muitas, muitas lágrimas. É exatamente desse jeito que um amor termina e todo mundo sabe.
Só gostaria de dizer que, desde o início do fim, para que as coisas não acabem tão terríveis, alguém deve tomar a inciativa de manter alguma paixão acesa. Que mude, aja, converse enquanto é tempo, enquanto ainda há respeito e vontade para sermos ouvidos. Que ouse tentar. Se não, se as coisas caminharem para o mal, é melhor abrir mão. Termine você o relacionamento, seja você o primeiro a dizer que está infeliz. Essa atitude vai ser tão intrigante para o outro que, na maioria dos casos, o dispensado faz de tudo para ter tudo que tinha, de volta. Para reconquistar. Reconhece erros, descasos, fracassos, tenta mudar. E, finalmente, se houver uma pontinha de amor, vai lutar para reavê-lo. Nós gostamos de quem sabe que é um partidão e que confia tanto, mas tanto em si que prefere ser sozinho a ser a opção mais fácil para o outro, pode reparar.
A cabeça dos seres humanos é realmente muito complicada.