Homem não gosta de barraco. Odeia ver a gente chorando no meio da rua, odeia discussão. Mulher quer ver sangue. Aliás, mulher, se tá com o ovo virado, desce do salto em 3, 2, 1. Eu pelo menos sou assim, maloqueirinha. Odeio quando pergunto alguma coisa e não obtenho resposta, odeio pedir um favor urgente e ter que esperar terminar o 2º tempo do Fla X Flu pra ser atendida. Me arrepia os cabelos, me tira dos sério, eu preciso dar um chilique frenético pra me libertar do ódio acumulado e pra vizinhança toda achar que eu sou doidinha da piriquita. Se não, num dá. Sem liberar a raiva, eu mato um.
E AÍ DELE SE MANDAR EU FICAR QUIETA PORQUE TEM VERGONHA DO QUE OS OUTROS VÃO PENSAR.
Num deixasse de me ligar quando eu pedi, num olhasse pra bunda da loira que passou. Eu grito ainda mais alto, mesmo que não faça efeito nenhum.
Não é que as mulheres tenham momentos de loucura, o que elas tem são momentos de sanidade. Alteração dramática tá no gene, mil desculpas pra quem tem sangue de barata. Não confio em moça muito blasé dessas que vê o marido xavecar a atendente do supermercado e faz a refinada, finge que num tá nem aí. Eu, hein? Acho suspeitíssimo, tenho vontade de ir lá e bater nele por ela.
Mulher quando gosta precisa fazer uma cena, tema necessidade de, dia mais, dia menos, provocar um caos. E a gente até sabe que tá exagerando, sabe mesmo. Mas falar em voz alta, chorando, gesticulando e pagando de louca dá uma paz inexplicável. Um certo arrependimento também, mas um alívio que supera. Nada melhor que não ter ficado engasgada com nada, de ter colocado os pingos nos is.
Quem engole muito sapo, aceita muito, cede muito e finge não se incomodar com nada pra não criar discórdia, pra mim, não é mulher de verdade, me desculpem.
Mulher que ama, morde.
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