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sobre namorar.


Quem nunca namora adora falar sobre quem sempre namora. Que essas pessoas não conseguem ficar sozinhas, não sabem ser livres, que precisam ter alguém ao lado o tempo todo para se reafirmarem e blá blá blá. Todo esse falatório tem sua verdade, mas não absolutamente.

Eu gosto de namorar e quando me envolvo com alguém, via de regra, penso no potencial que essa pessoa tem de ser algo mais sério. Se meu prazer estivesse só em beijar na boca e em fazer sexo casual o compromisso não seria necessário, mas todos nós sabemos, inclusive os solteiros, que namorar não é só isso. Aliás, nos períodos em que estive solteira, aproveitei bastante, vira e mexe narro alguma aventura por aqui. Não me considero uma dessas pessoas que só sabe ser feliz com outra, mas também não condeno quem seja assim e não dou a mínima se é isso que você pensa. É preciso ter muito cuidado com aquilo que se diz por aí, porque entre parecer sensata e mal amada o que fica para os outros é a segunda opção. Quem namora não quer enxergar que está agindo errado e quem está solteiro, creio eu, não deseja passar essa impressão. Todo o namoro tem seus problemas e só sabe o que se passa por dentro deles quem os vive. Então, se o casal que por ventura você tenha como referência chega a dar dó, não generalize; nem todos os relacionamentos são assim.

É muito fácil sair por aí analisando os comprometidos como desesperados, é a mesma coisa que dizer que todos os solteiros são grandes frustrados, mal amados e medrosos. Que toda a brasileira é puta, ou que toda a loira é burra. Detesto generalismos. O que mais tem nessa vida é gente com medo de se envolver porque dói ou coisa do tipo ou porque não tem ninguém que valha a pena, já cansei de falar aqui.

“Namorar é uma escravidão, uma bobagem.”

Se você se identifica com essa frase, se é tão inútil e indiferente namorar, porque ficar perdendo tempo PENSANDO sobre isso a ponto de rotular relacionamentos como SEMPRE sendo ruins? Aí num dá.

Existem pessoas que tem medo de ficar sozinhas, eu tenho esse medo, mas não é por isso que eu namoro. Afinal, depois de ter vivido um sem número de relações frustrantes antes de chegar onde eu estou, aprendi que melhor que estar mal acompanhada, definitivamente, é estar só, sem temores, desesperos, sem me comprometer com o primeiro idiota que parecer se interessar. Se depois de comer o pão que o diabo amassou não me considerasse apta a escolher aquilo que me faz feliz apenas porque me faz feliz, sem nenhuma necessidade, não teria a menor credibilidade pra escrever por aqui.

Mas me digam, sinceramente, é realmente melhor desistir de tentar?

meu melhor amor amigo.

Como vocês souberam aqui pelo blog, estive de molho por alguns dias. E, nesses dias, sem fazer muitas coisas além de comer, dormir e ver True Blood (sou viciada!) meu namorado me enviou um vídeo bem interessante de um coreano que anda arrasando pela vlogosfera, o Denis Lee. Ele fala sobre muitos assuntos interessantes de forma realmente divertida, com um excelente roteiro e uma edição bacanudíssima. Já tinha visto alguns trabalhos dele até que ele esbarrou no assunto em que eu, como vocês já notaram, tenho prazer em conversar: relacionamentos. O tema do vídeo com certeza deve atrair todos vocês, porque eu desconheço quem tenha passado nessa vida sem nunca ter se apaixonado, tentado namorar e, via de regra, se afastado de um grande amigo.

Eu nunca fui apaixonada pelo meu melhor amigo do mundo, mas já me interessei por muitos outros amigos. Aliás, acho que pra namorar a gente deve mesmo ter uma amizade antes, é de muita conversa, intimidade e troca de experiências que um relacionamento é feito. Não concordo muito com esse lance de que amigo vira ser assexuado, nem todos são assim. Há quem diga que homem sempre tem segundas intenções com amiga mulher, mas eu também não encaro a história sob essa perspectiva. Há amigos-irmãos, que só o fato de pensar em estar junto já é como se fosse um incesto e há amigos que de tanto a gente conhecer, conviver e, de tanto saberem sobre aquilo que gostamos, ou não, acabam se moldando ao nosso gosto – e se tornando, meio que sem querer, algo a mais. Ou alguém que desejemos que seja algo a mais.

O que o Denis citou no vídeo em relação à cabeça das mulheres foi bem pertinente; às vezes a gente se afasta porque vocês, depois de terem tomado um fora nosso, rompem a amizade pra não sofrer deixando um grande mal entendido no ar. O velho e grosseiro: “ele só conversava comigo porque queria me comer.” Eu sei que essa atitude masculina tem lógica, que o orgulho ficou ferido, mas calma lá. Se a amizade valia tanto a pena, se durou tanto tempo, a ponto de vocês cogitarem a possibilidade de um namoro, por que não insistir na idéia? Tentar conquistar? As coisas na vida, já cansei de dizer, não são redondinhas.

E quando é o contrário? Quando a menina é que gosta do sujeito, vê ele namorar cem mil pessoas e nunca assume nenhum sentimento Com medo de perder ele de vista? Na certeza de que nunca vai passar de só amizade? Triste, não é?

Pra mim, amizade de verdade, não acaba. Mesmo que as pessoas namorem. Mesmo que dê tudo errado. Mesmo que as pessoas decidam não namorar. Eu acho que SEMPRE vale a pena tentar. Coisa ruim nessa vida é se arrepender daquilo que não fez. Você fica pra sempre pensando na possibilidade, voltando no “e se”, sem nunca se libertar da situação. A verdade é uma coisa complicada de se lidar, é muito melhor idealizar uma vida inteira. Porque quem fala a verdade se expõem. E pode ser vergonhoso, doloroso, até ridículo. Mas é honesto. Pior é guardar pra sempre um sentimento que, no final das contas, pode se tornar recíproco.

Está apaixonado pelo seu amigo ou amiga? Conquiste-o. Seja quem você sabe que ele/ela procura. Vire o jogo, mostre seu potencial. Por fim, declare-se. O não você já tem garantido.

O Canal do Denis você pode acessar clicando aqui.
E abaixo, dêem aquela olhadinha marota no vídeo que me inspirou o post! Valew, Denis! =]

sem argumentos.

Não é incomum ver em ambientes públicos alguma briga de casal. Dos barraqueiros aos mais discretos o quadro é sempre o mesmo, alarmante: ele de braço cruzado com cara de poucos amigos e ela, em prantos. Sempre em prantos. Dizem que nós mulheres somos sensíveis, que choramos até em comercial de margarina e cartão de crédito, mas a verdade é que caímos em lágrimas quando queremos acabar de vez com uma discussão ou quando estamos sem argumentos. Triste chorar para provocar pena, mas às vezes vocês são tão racionais que a gente precisa apelar.

Insistimos em discussões fundamentadas em nada. Estávamos num mau dia, a culpa era da TPM, ou simplesmente queríamos um pouco de atenção. Saibam, homens, que nós adoramos uma atenção. E que quase nunca temos consciência que realizamos todo esse processo inescrupuloso de iniciar uma discussão sem maiores fins, somente para nos sentirmos ainda amadas ou pra saber que valemos a pena o desgaste verbal de vocês. Aliás, não acredito em relacionamento sem discussão, tudo o que é muito parado está doente, que nem criança apática em parque de diversão; algo não está bem.

Sabemos que gritamos sem razão e que vocês odeiam chiliques. Sabemos que por muitas vezes não há reais motivos para ter ciúmes, para nos sentirmos ofendidas ou dispensadas, sabemos quando estamos em crise mas não gostamos de admitir: é melhor ser louca que assumir que implicamos por um sem número de coisas sem sentido. Até porque vocês também piram, bem menos que nós, é claro, mas também tem seus surtos sem maiores justificativas.

Um homem, decente, é claro, quando ama, odeia fazer a mulher chorar. Odeia ser aquele que fez doer em alguma parte, que mesmo dotado de todas as razões do planeta terra nos magoou, machucou e tem na sua frente, lacrimalmente falando, a evidência do nosso aborrecimento.

E, agora, pensando melhor, a gente chora não porque não tem mais o que falar, mas porque a gente sente. E percebe que chega um momento da discussão no qual vocês devem sentir também.

Recl(amar).


Caro leitor,

Se sua namorada te procura para contar sobre as coisas ruins que acontecem na vida dela, escute-a com atenção: as coisas ruins a gente só compartilha com quem a gente realmente ama.

Pode parecer meio confuso, mas ser feliz com quem te faz bem estando bem é muito fácil. Difícil é ser feliz quando tudo na vida anda bem torto e só há um aspecto bom: o relacionamento. Eu sei que quando tudo está meio desandado a tendência da mulherada é usar o outro como suporte, eu faço isso. A gente exige presença, corpo, alma e ouvidos: que às vezes estão até piores do que os nossos, mas eles têm vergonha de admitir.

Dividir dramas é mais difícil que dividir um apartamento.

Quando o outro começa a falar sobre seus dessabores não é esperado que você dê soluções. A gente só precisa de um consolo. Fale também dos seus problemas, se não tiver nenhum, invente. Só pra gente não se sentir tão caótica e exigente, só pra gente se sentir importante em saber algo sobre você que poucas pessoas sabem. Mesmo que isso nem exista.

Os problemas servem pra gente ter sentido pra viver, pra que os dias tenham sabor de vitória. De nada adiantam os erros e acertos sem ninguém na torcida. Namoro é terapia. É saber de todas as fragilidades do outro e não se aproveitar disso numa briga. É saber onde o calo aperta e tentar massagear com carinho pra ele sair de lá. Ou, simplesmente, não encostar nele. Se sua namorada precisasse de juíz ela certamente contaria tudo para alguém que não a conhecesse e, sendo imparcial, lhe desse as diretrizes certas sobre o que fazer.

Amar, às vezes, é sobre não fazer nada.

Porque não basta ter alguém pra esquentar os pés nas noites chuvosas a gente quer alguém pra aquecer o coração.
E fazer o corpo descansar num porto seguro por pelo menos alguns momentos sem se sentir só.

do avesso.

Essa semana foi a semana do exu. Da zica generalizada. Das tretas, dos acidentes, da desgraceira total.

Teve arranca rabo na vizinhança, arranca rabo via twitter, arranca rabo por causa de internet e até eu mesma briguei com o namorado toda trabalhada na possessão. Nunca vi isso. Quer dizer, já vi. Mas achava que até uma nova mudança no cosmos essas coisas não aconteceriam assim… Em massa. Mas conversando com um e outro já notei que a vida das pessoas anda meio que igualmente problemática. A diferença é que o povo num comenta entre si.

Falta dinheiro. Falta auto-estima. Falta um pouco de atenção por parte do namorado, namorada, marido ou esposa. Falta um pouquinho de caráter aqui, outro pouquinho de responsabilidade ali… No final, quem é feliz no trabalho, não é no amor, quem tem dinheiro, num tem sossego, quem é tranquilo demais, fica entediado, e por aí vai.

É a velha conversa sobre o equilíbrio na vida, sobre a junção da sorte com a competência. Não no quesito relacionamentos, claro, nesse departamento a combinação é outra, talvez: tolerância-compreensão-aceitação, sei lá. Mas no quesito vida, quase sempre o lance de estar no lugar certo, na hora certa e sabendo o que fazer já funciona. Ou vocês nunca tiveram nas mãos uma grande oportunidade na qual não souberam exatamente como agir e hoje ficam aos lamentos por aí? Então.

Só sei que por muitas vezes nossos medos e mal estares são somente por um motivo: o fato de não termos a capacidade de controlar (em completo) o que acontece com as nossas vidas.

Às vezes, as respostas vem com o tempo. Às vezes não. Às vezes simplesmente não há respostas e somos nós quem devemos fazer perguntas diferentes sobre as coisas que acontecem nas nossas vidas. Já é sabido que nada acontece só com você, e, se acontece, é porque talvez você esteja andando pelo caminho errado, não?

Se não dá certo você deve tentar enxergar a situação de outro ponto. Ou, de repente, estar mesmo em outro ponto, outra vida, outro namoro, distante (ou próximo) da família, longe de quem ou do que te faz realmente mal e você nem consiga admitir.

E tentar mudar.

Pra passar alguns meses sem gritar com quem não merece ouvir e dormir em paz.

o sexy feio.

Os homens andam mudados. Mais que as mulheres. Homem muito galã, nos dias de hoje, é quase sinônimo dele ser gay. Não que isso seja um problema pros gays, mas é um pro-ble-mão para as mulheres solteiras à procura. Mesmo. Homem muito malhado também. Via de regra o sujeito se revela um narcisista metrosexual. Difícil amar alguém de 1,85 que faz flexão pra sair de casa de regata com o braço TRINCADÃO, né? Complicado. E tem os mega relaxados, esses são terríveis. Acham que podem ir pra qualquer lugar do planeta de barba por fazer, bermuda caqui e Havaianas. Num dá.

Acho que os esteriótipos nunca fizeram tanto sentido. Não sei se é porque eles existem que eu acabo colocando as pessoas em potes com etiquetas, ou se é porque as pessoas se auto-classificam que eles existem, tanto faz nesse momento. Mas de todos os tipos de homens que possam existir no mundo, dentre os feios, gordos, magros, nerds, intelectuais, esportistas, adoradores das artes e bi bi bi, NENHUM têm se tornado tão popular entre as mulheres quanto o sexy feio, pode reparar.

Ele não é gordo, nem magro. Nem alto, nem baixo. E, definitivamente, não é bonito. Não fala que  é rico. Não fala muita coisa, na verdade, os sexy feios são meio caladões. E eles tem um dente torto, um olho maior que o outro, uma bermuda surrada, um colar breguinha, um topete esquisitinho… Um charme. Não tem explicação.  E geralmente não estão em perfeita forma, sempre rola uma barriguinha de chopp. Na balada, parece que têm mel. De calça jeans, tênis e camiseta branca são a sensação. Feinhos e simpáticos. Feinhos, e… Sexys. Os amigos não conseguem entender. De onde vem tanta sensualidade?

Seria a pintinha preta perto da boca? O ar misterioso? O fato dele não sair à “caça” da mulherada que atrai a mulherada? O desafio de saber o que existe por trás daquela aparente sem gracisse?

Não sei.

Só sei que se eu pudesse dar um conselho aos homens não seria usar protetor solar.

Ao invés de tentarem parecer ricos, fortes ou altamente inteligentes, coisa que grande maioria considera ser super afrodisíacas, sejam simples.

A gente adora.

comodismo.


Um homem, quando traído, fica patético. Diz coisas absurdas e ofensivas, se envolve com qualquer uma que aparecer. Pra ele, ninguém mais tem valor.

Oscila entre a raiva e uma total vontade de se humilhar. Primeiro ela é vagabunda, depois, a mãe que ele desejava dar pros filhos. Pensa em ligar, mandar mensagem pra ex, ver twitter, scraps, xingar o cara por quem ela o deixou.

Quer fazê-la ver, precocemente e à todo custo, que ele é O CARA, quer que ela se arrependa e volte correndo.

E pode ser que ela nunca se arrependa. E que ele, na verdade, nunca foi o cara coisíssima nenhuma.

O homem que foi deixado para trás não se sente mais à vontade para acreditar no amor. Aliás, que amor que nada.  Ele deu jóias e flores, foi cavalheiro, esteve presente, falou em filhos, falou em viagens e em futuro.  E ganhou ingratidão.

Tudo agora são questionamentos morais. O que, afinal, elas querem, meu Deus? E não adianta falar que não houve nada de errado, ela não pode simplesmente ter se desinteressado. Como eu não percebi?

Ele busca justificativas e possíveis culpas. Fica rodando o filme da vida dos dois na cabeça querendo encontrar alguma evidência de traição, mas nada.

Absolutamente nada.

E às vezes o traído nem amava tanto assim a tal mulher. O sexo já não era bom, as conversas não tinham mais conteúdo, ela estava aérea, nem era mais tão bonita, não se preocupava mais em agradar. É mais difícil  lidar com a frustração pelos planos não realizados que pela ausência da pessoa em si. Mais difícil é decepcionar-se consigo mesmo, que admitir que já não havia mais amor.

E o pior de tudo: não ter sido ele o primeiro a jogar tudo para o alto e decidido ser feliz.

Comodismo também é covardia.

novinho.

As conversas da minha turma, além de serem sempre aos berros e com muitas risadas, me fazem refletir muito sobre as fases da minha vida. Talvez seja pelo fato de que nós, como poucas pessoas desse mundo, estivemos sempre presentes nas fases da vida um do outro, o que nos dá uma liberdade maior de falar (e tirar sarro) de tudo. Como numa terapia de grupo cada uma fala um pouco sobre como as coisas andam; a gente relembra o passado, planeja o futuro e, principalmente, recebe conselhos. Sendo as palavras agradáveis, ou não.

Foi aí, quando planejávamos os casamentos de 2014 em diante, que uma amiga contou que estava apaixonada por um menino 5 anos mais novo que ela. Menino MESMO. Ela, Médica formada, aos 23 anos, namorando um calouro. Que tem aí, no mínimo, 5 anos de estudos pela frente. Que acabou de sair do ensino médio. Que acabou de tirar carta de motorista. Que acabou de começar a TENTAR entender o que e vida adulta.

Uns mandaram ela levar adiante o relacionamento na brincadeira mesmo, ir até onde der. O grande problema de crescer é que chega uma hora que as coisas já não são mais assim, tão leves. Perguntamos sobre o que ela vai fazer quando ele for para os jogos da medicina e ela tiver que dar plantão, quando ele tiver férias escolares e ela estiver clinicando em uma outra cidade. Perguntamos sobre as festas, sobre os salários, sobre os destinos, sobre filhos, sobre planos, calculamos a idade que ela terá quando ele estiver onde hoje ela está e chegamos a triste conclusão que por maior que seja o sentimento (e as boas intenções do moço) uma hora esses 5 anos vão pesar de alguma forma. E dissemos isso porque eles já estão pesando discretamente, na cabeça, na vida e no coração dela,  mas ela preferiu deixar isso pra lá.

Ela não diz ao pai que namora, não apresentou-o, ainda, aos amigos. Quando ela fizer isso, as coisas terão sabor de verdade e ela estará, de fato, com alguém que ainda tem muitas coisas para viver e que certamente não deixará todas elas sem um pouquinho de sofrimento.

Sou prova e testemunha de que o amor não tem idade. Pelo menos em alguns momentos da vida. Mas não podemos dizer que no auge da juventude isso não faz diferença.

Assim como aos 13 não temos as mesma responsabilidades que aos 18 ( nem as mesmas vontades), dos 18 para os 23 a coisa também é diferente. E na faculdade. E no trabalho. E na vida toda.

Funcionamos em estágios, como o video-game. Há coisas que podemos pular, mas, infelizmente, precisamos estar vivos ao final de algumas fases para chegar até o chefão. Se usarmos códigos para burlar esse esquema estaremos lá, mas, certamente, não do mesmo jeito. Não com o mesmo preparo. Não sem abrir mão de algumas coisinhas aqui e ali.

E ainda assim, amiga, te desejo toda a sorte desse mundo porque eu sei (e sinto) o quanto você está feliz.

amante.

Renée Magritte - "Os Amantes"

As amantes sempre acreditam que podem virar oficiais, é uma regra.

Nunca vi alguém se submeter a desfilar com um homem comprometido por aí sem acreditar piamente que está certa, ou, pelo menos, sem se enganar e achar que é realmente melhor que a oficial. A amante sempre pensa: “coitada, ele prefere a mim”, quando de fato ele não quer estar nem com uma, nem com outra.

E também nunca vi homem abandonar casa por mulher nenhuma. NUNCA VI MESMO. Deve existir por aí, mas é mais raro que encontrar trevo de quatro folhas no meio do matagal. Homens traem, muitas vezes, por pura sacanagem. As mulheres também. Mas a grande maioria se apaixona e é capaz de tudo; pelo simples fato de que encontrou em alguém aquilo que precisava (e não tinha em casa) naquele momento.

Homem também não aceita ser corno. Não percebe que quando isso acontece é culpa de dois, não de um. Mulher é mais complacente. Quantos e quantos casos eu ja escutei em que a mulher perdoou o sujeito para manter a honra da família? Quantas outras sabem que o cara tem outra e fazem vista grossa porque fulano nunca deixou a desejar nem na cama, nem no bolso? Inúmeras. E não posso sequer julgá-las porque nunca vivi uma situação parecida. Aliás, nessa vida, não se deve julgar ninguém. Porque só se sabe daquilo que se vive, quem vive.

Os amantes nunca pensam na humilhação do outro, nunca pensam no sofrimento do outro, nunca pensam em absolutamente nada. Porque se não há comprometimento real, também não há culpa. E tudo gira em torno das emoções, prazeres e da parte boa do que se tem. A parte má fica para os traídos, sempre. Que eu já disse qu também não são santos. Ninguém fere sem porque, mesmo que sejam os porquês mais íntimos que possam existir.

Só tenho a dizer, para amantes e seus traídos, que quanto antes o jogo acabar, melhor.

E que poucas coisas ainda fazem tão bem quanto ser fiel a um amor que se tem.

sinceridade terapeutica.

Costumo recomendar aos novos casais amigos uma terapia drástica de sinceridade. Minha mãe certamente reprovaria tal técnica totalmente sem classe, mas eu garanto que tem efeitos magníficos.

Arrote. Fale palavrão. Assuma que você tem chulé e ronca. Claro, não tudo de uma vez e não no meio de um almoço familiar, mas diga. Conte que você tem pavor de baratas, que ficou uma semana sem dormir depois de ver um filme idiota sobre ET’s, comente que detesta dormir do lado esquerdo da cama e que acha que lavar louça é a maior perda de tempo que pode existir em toda a vida.

Assuma que não entende nada sobre futebol, que dirige mal, que prefiria nem trabalhar. Claro, se isso tudo for verdade na sua vida. Se for o contrário, diga também. Dispa-se de todas as fantasias, quebre toda a imagem de mulher perfeita que ele possa ter criado em relação a você e vice-versa.

Não se engane. Não engane o outro. Não queira parecer divertida, gostar de filmes chineses que você não consegue nem entender a trilha sonora. Diga que é chato. Diga que não faz o seu tipo. Diga tudo isso educadamente, fazendo um cafuné e um carinho depois, mas fale. JAMAIS finja amar rock pesado se sua praia for pagode. Não diga que acorda do jeito que está agora, linda. Fale sobre suas remelas, fraquezas, humanize-se.

No começo tudo é bom porque é novo e todo mundo quer fazer e fingir rir porque estamos embriagados pela paixão, é natural. Mas caso você pretenda levar o relacionamento adiante, por favor, não omita tantas coisas sobre si. Aliás, aprenda a rir e a perceber que o outro também tem lá suas peculiaridades…

Tentamos ser aquilo que o outro espera porque queremos causar boa impressão, mas relacionamentos não são só alegrias o tempo inteiro. Aliás, acredito que seja mais um bom lidar com as desavenças e desprazeres que aproveitar o que há de efetivamente bom. Melhor dizendo, é tornar cada problema em obstáculos superáveis, não intragáveis.

Imagine achar que o cara era um viciado em academia e descobrir que, na verdade, ele acabou de sair de um cirurgia plástica e de redução de estômago. Imagine achar que ele fosse fã de MPB e mais tarde reparar que ele trocou toda a coletânia do Caetano Veloso, que você deu pra ele de presente de Natal, pelos novos DVDs do Exaltasamba. Não dá.

Ninguém gosta de dividir cama e escova de dente com um desconhecido.

Não seja, para si (e nem para o outro), uma personagem em ação.