Não há nada pior que amar alguém que nunca vai deixar de te desapontar. Que sempre vai ter uma justificativa para esse ou aquele vício, que vai te magoar, te ouvir reclamar, mas que nunca, sob nenhuma hipótese, vai ser capaz de mudar. E que você, por amar tanto e saber que isso implica em ceder, se vê obrigado a aceitar. Que tal detalhe faz parte de uma personalidade peculiar e que o único jeito de tornar-se feliz é sendo um pouquinho miserável, dia-a-dia. A cabeça às vezes é tão dura que faz a gente acreditar que o amor exige mesmo esse tipo de sacrifício esquecendo que esse sentimento deve mudar a gente pra melhor. E mudar o outro também. Se apenas uma das partes está disposta a ceder pela outra, pode até existir amor; mas não vai funcionar por muito tempo.
Como se fôssemos todos carangueijos, capazes de andar apenas para os lados, assim também fica o relacionamento, sem evolução. Somente se esgueirando pra direita ou pra esquerda, fugindo da responsabilide adquirida de fazer o outro feliz, incapaz de dar um passo sequer para frente por pura teimosia, ou às vezes, por uma enorme diferença de gênios. A parte que geralmente não muda tende a aprender em outros relacionamentos, quebrando a cabeça. Mas e quando gostamos demais para deixar o outro ir, sofrer por aí e ser feliz com outra pessoa? Sou daquelas que não gosta de desistir. Insisto até o meu próprio limite se acho que realmente vale a pena.
Vejo em centenas de relacionamentos o quão pouco é necessário tão fazer para que as coisas funcionem. Se todos os casais tivessem a coragem de expor seus desejos passariam a ser mais felizes e a entender o prazer que há nisso. Se eu tivesse que escolher um único conselho em relação aos desamores, aliás, seria esse: não deixem que a dor se acomode e fique lá, escondida. Levantem, conversem, discutam, chorem se for preciso, mas nunca fiquem parados, conformados diante de coisas que incomodam. A parte ruim cresce diante de você e faz feridas terríveis.
Por mais que no amor desejemos evitar os desgastes, não dá pra fingir ser a pessoa mais feliz do mundo sem sentir isso de fato. Não dá pra brincar de ter pequenas alegrias e grandes amarguras o tempo todo porque não quer confrontar o outro e fazê-lo enxergar suas falhas. Afinal, também temos as nossas. Nada está perdido. O namoro, noivado ou rolinho não é uma porcaria. Até porque não é sensato ficar junto querendo partir, quem está é porque um pouco de esperança ainda tem.
Não dá pra sermos ilhas, fechadas, inatingíveis e imutáveis, cercadas de argumentos falhos que esbarram, vez ou outra, em acusações infudamentadas em relação ao outro, mesmo que estas aliviem nossas culpas e façam sentido. Sejamos adultos. Assumamos quando temos culpa, peçamos perdão quando nos é devido e nos transformemos para evoluir. A gente não consegue ser feliz sem se misturar no outro, sem dar um pouquinho da gente. E também não consegue se relacionar sendo estático.